Chama-se saudade. Chama-se Coimbra. Chama-se amor.
Sente-se escorrer por entre os dedos, ilumina com um brilho incandescente os olhares e sorrisos dos que por ali passam, ficam, crescem, sonham e desejam.
São as horas tardias sob a alçada da cidade encantada, as docas como fundo, o choupal como um murmúrio, o som da cabra, lá ao fundo, lembrando a vida que se percorre.
São as horas tardias sob a alçada da cidade encantada, as docas como fundo, o choupal como um murmúrio, o som da cabra, lá ao fundo, lembrando a vida que se percorre.
Encanto que cega e permanece para onde quer que se caminhe. Nem na hora da despedida o encanto desvanece, os sorrisos se esquecem ou os amores se afogam. Os sentimentos ficam gravados nas pedras altas desta cidade, no penedo que é da saudade, nas águas translúcidas que são do Mondego, rio que nos banha a alma. As estrelas suportam as serenatas, as cantorias, as noites brilhantes e os dias intensos e quentes. As ruas fugidias repletas de medos, quereres, alegrias e futuros escondidos por entre as nuvens. Cítara da erudição, violas do ensejo.
Coimbra no coração e, no pensamento, uma canção. Por toda a vida vamos sentir e lembrar, este que foi, é e será o nosso lar, o nosso sonho, a nossa paixão. Um dia traçaremos as capas por uma última vez, largaremos as fitas e fugiremos, fugindo por esses caminhos que se atravessam à nossa frente. Partiremos com saudade e pesar; as lágrimas haverão de correr nestas faces que por tanto já passaram. Fica na vã memória as tardes ensolaradas numa esplanada, as noites ganhas numa sé que é velha e transporta conversas de amizade e sabedoria. E no fim manter-se-á acesa a chama de Coimbra, com um sentimento belo de lembrança da caras das pessoas que não se esquecem, que fazem Coimbra, que abarrotam os bares e tascas da tradição, da música e do convívio, que enchem as salas de aula ancestrais das faculdades, velhinhas em idade, mas repletas de juventude e vivacidade. Coimbra é tradição e todo s os momentos nesta cidade são únicos, inesquecíveis, que se vivem uma vez e não mais. Mas essencialmente é bom sentir o esforço, o sentimento, a dor, o custo, a folia e o orgulho de dizer que Coimbra é nossa, Coimbra é nossa e há-de ser. Coimbra é nossa e há-de ser, Coimbra é nossa até morrer.
[o ano da minha vida que mais rápido passou.]
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